Curso de Especialização Tecnologia e Novas Educações
Atividade do Módulo I Ciclo V - A dimensão Estruturante da Tecnologia
Professora: Adriane Halmann
Orientadora de Aprendizagem: Lívia Coelho
Pensar nas dimensões da educação numa abordagem das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC) perpassa pela análise de elementos conjunturais e estruturais a partir da inserção dessas tecnologias na contemporaneidade de modo que, possamos reconhecer a complexidade e a amplitude dos fatos e fenômenos que dinamicamente formam a rede contextual que nos cerca e dão sentido as nossas vidas.
Historicamente, a educação tem refletido as características do seu tempo e da sociedade na qual as instituições educacionais estão inseridas. Vivemos em uma sociedade cada vez mais informatizada, que vem sofrendo transformações profundas, em especial nas formas de comunicação e de acesso a informação e ao conhecimento. Essas tendências prevêem a incorporação de novas formas de ensino e aprendizagem que por sua vez não são simplesmente nem facilmente assimiladas. Muitos professores ainda não reconhecem as possibilidades trazidas pelas NTIC e outros tantos ainda não sabem como utilizá-la efetivamente.
Nesse sentido, gostaria de tecer alguns comentários sobre dois aspectos estruturantes no modo de produção de conhecimento com o uso das NTIC aplicadas no contexto educacional: A Tecnologia como ferramenta e a tecnologia como linguagem, cujo entendimento é importante e elucidativo para que a escola provoque mudanças efetivas no que se refere a construção de conhecimentos centrada numa práxis pedagógica entrecruzada com o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação – TDIC –, de maneira “que contemple a pluralidade, a complexidade, as diferenças e ambigüidades, a multiplicidade das visões de mundo, enfim, uma maior interatividade que se caracteriza pela dimensão comunitária, pela reciprocidade, criação e interferência por parte dos indivíduos” (ALVES, 1998)[1].
A utilização das TIC como ferramenta é uma abordagem que tem como característica a ênfase no “como fazer”, ou seja, no domínio técnico da máquina e dos aplicativos. Inaugurada com a entrada dos computadores nas escolas, as TIC tem sua utilização reduzida a atividades realizadas em laboratórios com softwares que reproduzem técnicas de ensino mecanicistas, reproduzindo métodos tradicionais de instrução utilizando o computador. Esse tipo de abordagem é chamado de modelo instrucionista desenvolvido por Skinner. De acordo com Alves :
As concepções de educação e aprendizagem implícitas nestes softwares seguem uma perspectiva tradicional, em que a aprendizagem é vista como mudança de comportamento frente ao bombardeio de informações, que não possibilitam a construção de conceitos por parte dos alunos. Ainda trabalham, portanto, com a concepção de aprendizagem behaviorista. (Alves, Lynn Rosalina Gama, 1998)[2]
Percebe-se, portanto que embora o conhecimento tecnológico tenha passado por profundas modificações a partir de meados do século XX, a pedagogia continuou centrada no ensinamento das técnicas e no manuseio das tecnologias ligadas à lógica utilitarista-instrumental.
Analisando as relações que historicamente estabelecemos com a máquina podemos antever elementos que ao mesmo tempo nos ajudam a identificar os fatores que justificam a abordagem mecânica das TIC, bem como nos dá subsídios para compreendermos as novas tecnologias numa dimensão que ultrapasse uma concepção das TIC para além de uma abordagem mecanicista.
Nesse sentido PRETTO[3] caracteriza a relação homem-máquina em três grandes etapas:
Num primeiro momento a técnica associada ao ato do fazer aliada a capacidade do homem e dependente de suas habilidades.
No segundo momento com desenvolvimento da Ciência Moderna a técnica associada ao logos: a tecnologia é vista como uma extensão dos sentidos do homem.
Por fim o momento atual onde vivemos o fazer da razão – as máquinas surgem a partir do mesmo processo social que constituiu o humano sem a separação técnica, cultura e sociedade.
Nesse contexto, pensar nas dimensões da educação numa abordagem pedagógica das NTIC perpassa pela superação de uma pedagogia tradicional assimilacionista, centrada no ensinamento das técnicas e no manuseio para uso das tecnologias, para uma concepção de educação que trabalhe sob o ponto de vista do conhecimento com outra perspectiva associada ao surgimento de uma nova linguagem a partir das TIC, que privilegie as inter-relações em rede, o pensamento associativo, hipermediativo e hiperlinkado através dos novos conhecimentos disponibilizados pelos suportes digitais.
[1]ALVES, Lynn Rosalina. Novas Tecnologias: instrumento, ferramenta ou elementos estruturantes de um novo pensar?. Revista da FAEEBA, Salvador, p.141-152, 1998. Disponível em
[2]Ibidem
[3]PRETTO, Nelson. Linguagens e Tecnologias na Educação. In: CANDAU, Vera (org). Cultura, linguagem e subjetividade no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 161-182. Disponível em
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